domingo, junho 20, 2010

Desabrochando... sempre!

EUA/2007



Nos últimos dias tenho sentido muitas mudanças. Tenho escutado novos sons, visto novos filmes. E o interessante é que tanto os filmes quanto as músicas têm me conduzido a uma mesma questão: nossa capacidade de partilhar a condição humana. Felizmente estou cercada de pessoas muito inteligentes e sensíveis que têm trabalhado duro para encontrar em si mesmas um sentido para viver; e que tem partilhado comigo, mesmo que indiretamente, seu tempo e suas experiências. Espero também poder partilhar o que venho construindo em mim, minhas questões, minhas histórias, minhas novidades - tão velhas de tão íntimas.
Mas no momento gostaria de dividir algo que me sensibilizou profundamente, o filme "O Visitante", que assisti no sábado. Este filme trata, sobretudo, como os bons filmes fazem, da necessidade que temos de, como o Gui me disse hoje, colocarmos nosso mundo em perspectiva ao nos relacionarmos com as pessoas. E ao pensar neste filme, que trata da nossa imensa solidão e necessidade de descobrir nossos próprios sentidos, penso naqueles que algum dia pude chamar de amigos. E me lembro de como é estar entre eles. Quando estamos junto de pessoas que nos permite experimentar o seu mundo, um outro mundo se forma, de idéias, de sonhos, de sentimentos, e desabrochamos um pouco mais.
“O Visitante” me convida a partilhar da condição de todos os personagens ao mesmo tempo. E quando desligo o DVD e vou fazer qualquer outra coisa, percebo que esse novo mundo veio comigo, me sensibilizando para o conhecido e para o desconhecido, me ajudando a acordar no dia seguinte com mais sentido para ver, perceber e compartilhar. Desabrochei um pouco mais esses dias... e acho que só a música de Fátima Guedes traduz o que quero dizer. 

Flor de Ir Embora

Fátima Guedes

Composição: Fátima Guedes
Flor de ir embora
É uma flor que se alimenta do que a gente chora
Rompe a terra decidida
Flor do meu desejo de correr o mundo afora
Flor de sentimento
Amadurecendo aos poucos a minha partida
Quando a flor abrir inteira
Muda a minha vida
Esperei o tempo certo
E lá vou eu
E lá vou eu
Flor de ir embora, eu vou
Agora esse mundo é meu

quarta-feira, junho 02, 2010

O Tempo

O tempo é o maior tesouro de que o homem pode dispor.
Embora inconsumível, o tempo é nosso maior alimento.
Sem medida que o conheça, 
o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza, 
não tem começo, não tem fim.
Rico não é o homem que coleciona 
e se pesa num amontoado de moedas,
nem aquele devasso 
que estende mãos e braços em terras largas.
Rico é só o homem que aprendeu piedoso e humilde
a conviver com o tempo, 
aproximando-se dele com ternura, 
não se rebelando contra o seu curso, 
brindando antes com sabedoria, 
para receber dele os seus favores e não sua ira.
O equilíbrio da vida está essencialmente nesse bem supremo,
e quem souber com acerto
a quantidade de vagar ou de espera
que se deve por nas coisas,
não corre nunca o risco, 
ao buscar por elas e defrontar-se com o que não é.
Pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas.

(Raduan Nassar por Raul Cortez | Tempo | Filme Lavoura Arcaica)