
Apesar das promessas, apesar dos planos, apesar das crenças, já no início dos novos projetos percebemos os vícios das mãos na forma de moldar as bolinhas, de traçar os caminhos e formar os moldes. Separamos as forminhas, a água, circunscrevemos um espaço que queremos que seja só nosso, nos encarregamos de checar todos os ingredientes, a pá, o garfo, o monte de areia e as pedrinhas e conchas para dar o toque final. O vento está fraco, o sol está agradável. É a hora certa de recomeçar. Sentimos uma relação profunda com a areia.
E mesmo assim percebemos nossas limitações logo no início da montagem do novo castelinho. Em pouco tempo parece que o novo plano não foi assim tão bom. O novo plano não é assim tão novo. Na metade do novo castelo já percebemos detalhes parecidos com o anterior. Procuramos os erros. Seria culpa da areia úmida demais? Da pá muito pequena?

O tempo vai passando. O material está todo na nossa frente. E a cada dia a estrutura do castelo vai desmoronando em nossa cabeça. E o desejo de construí-lo também...
O que a gente demora a se perguntar é se temos algum controle do que vai ser construído por nossas mãos, nossos pensamentos, nosso coração.
E se a forma final do tal castelinho não for mais importante do que cada passo dado, cada monte de areia, cada forminha, cada gota d'água?
E se a forma final do tal castelinho não for mais importante do que cada passo dado, cada monte de areia, cada forminha, cada gota d'água?
Acho que nunca vamos compreender o tempo que temos. Nunca vamos saber por que o castelo que fazemos parece nunca corresponder ao que temos em mente. Nunca vamos saber por que a pá parece sempre inadequada, a água nunca é suficiente ou é demais, e por que quando o castelo parece até bonitinho vem uma onda grande e desfaz tudo...
Talvez o pulo do gato esteja em não perder tempo, o pouco tempo que temos, construindo novos planos, já que sabemos que não há outro plano, há sempre um só. É claro que podemos transformar nosso castelo conforme as adversidades, fechar uma janela, abrir outra, desmanchar uma torre ou mudar alguns cômodos. Mas é preciso amar muito, e sobretudo, cada passo dessa construção. E acreditar que o que queremos que seja construído vai ser parte do que trouxemos conosco a vida toda, parte do que ganhamos sem querer, parte do que perdemos sem saber.
E ao fim de cada dia, e não de cada ano, é preciso ter forças para valorizar o que foi feito, recolher as pás, garfos, formas e lavá-los, secá-los e guardá-los adequadamente. E é preciso descansar, repor as energias para que no dia seguinte estejamos de pé, prontos não para outra, mas para a mesma construção. A construção do nosso mundo. E se encontrarmos formas de construir novas pás, ou encontrarmos uma concha nova serão bem-vindas no projeto que já existe, no único projeto possível..., o nosso.

Talvez o pulo do gato esteja em não perder tempo, o pouco tempo que temos, construindo novos planos, já que sabemos que não há outro plano, há sempre um só. É claro que podemos transformar nosso castelo conforme as adversidades, fechar uma janela, abrir outra, desmanchar uma torre ou mudar alguns cômodos. Mas é preciso amar muito, e sobretudo, cada passo dessa construção. E acreditar que o que queremos que seja construído vai ser parte do que trouxemos conosco a vida toda, parte do que ganhamos sem querer, parte do que perdemos sem saber.
E ao fim de cada dia, e não de cada ano, é preciso ter forças para valorizar o que foi feito, recolher as pás, garfos, formas e lavá-los, secá-los e guardá-los adequadamente. E é preciso descansar, repor as energias para que no dia seguinte estejamos de pé, prontos não para outra, mas para a mesma construção. A construção do nosso mundo. E se encontrarmos formas de construir novas pás, ou encontrarmos uma concha nova serão bem-vindas no projeto que já existe, no único projeto possível..., o nosso.
E vale à pena deixar de lado essa velha mania de ficar espiando os castelinhos alheios e criticando as ferramentas e estratégias diferentes das nossas. Cada um com seu cada um. Afinal, sabemos que nosso castelo é tão de areia quanto todos os outros...